Cicloturismo é opção para quem gosta de pedalar sem o compromisso da competição

Pirenópolis, Chapada dos Veadeiros e Cocalzinho de Goiás estão entre os destinos preferidos dos ciclistas brasilienses

Existem mais de quinhentos grupos de pedais em Brasília. Levantamento da Federação Metropolitana de Ciclismo do Distrito Federal mostra que são associadas, em média, trezentas pessoas por grupo. Muitos participantes preferem praticar a atividade ciclística por prazer. Diferente das modalidades do esporte ciclismo, o cicloturismo é uma opção para quem gosta de pedalar sem o compromisso da competição, com o objetivo de conhecer novos lugares, pessoas e culturas.

O técnico judiciário Anderson Polissene, 49, pedala desde 2008. Ele começou a fazer trilhas na região de Brasília e logo se interessou pelas cicloviagens. “Eu gosto de perceber detalhes que de carro passariam despercebidos. Apesar do esforço de você ser o motor, dá pra aproveitar melhor a viagem.” Anderson já viajou para Serra da Canastra, Diamantina e Ouro Preto, em Minas Gerais, e Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, e Serra da Mantiqueira, que se estende por Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Também fez viagens mais curtas, como Pirenópolis, Chapada dos Veadeiros e Cocalzinho de Goiás.

Quase 90% das viagens são feitas em trilha, mas alguns cicloturistas pedalam de praia em praia fazendo o trajeto de Fortaleza a Jericoacoara, no Ceará, por exemplo. Os aventureiros preferem viajar em grupo e saem com o propósito de contemplar a natureza durante o percurso, não com a ideia de chegar ao destino final. Como o terreno percorrido é acidentado, é preciso acostumar o corpo com esse tipo de atividade por meio de treinos, que são feitos em asfalto e trilha para explorar todas as possibilidades.

O aventureiro precisa ficar atento aos equipamentos. O vendedor Marcos Venicio, de uma loja especializada, destaca o modelo ideal de bicicleta: “Para fazer uma cicloviagem, o ideal é uma aro 29 com vinte e sete marchas, suspensão, freios a discos hidráulicos e garupa. O veículo pode custar de R$ 2.500 a R$ 5.000”. Marcos alerta para a importância da mochila de hidratação (de R$ 140 a R$ 499), do kit remendo (R$ 15) e do GPS eletrônico à prova d’água (R$ 65). Para segurança e bem-estar, o ciclista deve utilizar capacete (R$ 135), luvas (R$ 55), óculos (R$ 150) e rádio comunicador (R$ 180, o par).

Hospedagem e interação 

É preciso controlar o tempo que o cicloturista irá levar para chegar ao seu destino. É importante levar barra de cereais, amendoim e chocolate para repor as energias durante o percurso. O mapeamento de trilhas e pontos de parada ajuda no controle do tempo que o viajante irá percorrer e em quais momentos pode ser feita uma reposição de energia mais reforçada em restaurantes e bares. Além de pousadas, existem casas de apoio – de pessoas que também praticam o cicloturismo – para hospedagem, almoço e jantar.

Os cicloturistas interagem nas redes sociais para divulgar eventos e encontros. O Clube de Cicloturismo no Brasil, por exemplo, divulga a prática por meio da troca de experiências, com depoimentos, dicas de segurança e melhores trajetos para cicloviagens, incentivando pessoas que planejam fazer a primeira viagem sobre duas rodas. Há também grupos de discussão, como o Bicicletada (https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/bicicletada/info) e o Mountain Bike Brasilia (https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/mountainbikebrasilia/info).

Projeto DV na Trilha

O Projeto DV na Trilha é uma iniciativa sem fins lucrativos que promove encontros entre ciclistas com deficiência visual e condutores. Os participantes realizam trilhas em Brasília com bicicletas adaptadas, que são disponibilizadas pelos organizadores do projeto. A Tandem é uma bicicleta de dois ou mais lugares muito utilizada em países da Europa que pode custar de R$ 3 mil a 5 mil. No veículo, o ciclista que vai ao assento da frente é chamado de condutor e é responsável por guiar o deficiente visual durante o trajeto.

O massoterapeuta Jonys Ribeiro da Silva, 41, já viajou para Cocalzinho de Goiás e Pirenópolis, através do projeto. “Como eu sou deficiente visual, eu preciso de um olho amigo. Então eu vou com um condutor e ele vai descrevendo o caminho pra mim, fala sobre a vegetação, os bichos em volta, buracos e descidas íngremes. Isso acontece para que a gente conduza a tandem da melhor forma”.

A coordenadora da iniciativa, a psicóloga Simone Fernandes Cocenza, 47, conta que aproximadamente vinte deficientes visuais já participaram de cicloviagens. “Para que eles possam participar de cicloviagens, é necessário que coordenadores desse tipo de evento acreditem no nosso trabalho e concedam cortesias para que deficientes visuais e condutores viajem”.

Para participar do projeto, entre em contato pelo número (61) 99952 0607 ou pela página do Facebook @projetodvnatrilha. Para fazer doações de peças, roupas e acessórios de bike, mande e-mail para nelson.pugliesi@gmail.com ou tati.cris@gmail.com.

Por: Gabrielly Pimentel
Foto: Gabrielly Pimentel

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