A arte de encantar o público com poesia

Recital deixa crianças e adultos admirados com apresentação na Asa Sul

“Olha a pipoca… olha o pipoqueiro…” é assim que a pipoqueira Tatiana Cavalheiro começa o show de poesia. E ela continua deixando uma regra bem clara: “Quem falar um belo poema ganha uma pipoca”. Entre a pipoca de doce e de sal, existem vários sabores. Você pode escolher o Ferreira Gullar, a tradicional pipoca salgada, ou pode optar pela multicolorida Cecília Meireles. Também servem a Clarice Lispector, o Jorge Amado, a Cora Coralina, entre tantos outros autores, ou melhor, sabores.

A pipoqueira Tatiana e a palhaça Matusquella recitam poemas e encantam o público.

É assim que o Projeto Pipocando Poesia foi chegando e se apresentando no sábado (22), aniversário de Brasília, em um restaurante da Asa Sul. Um carrinho de pipoca é usado como cenário para um recital de poesias. Entre uma poesia e outra há espaço para brincadeiras e uma injeção de cultura no público, que pode ser tanto adulto como infantil.

A poeta e fundadora do projeto, Manuela Castelo Branco, explica que o Pipocando nasceu de um delírio misturado com desejo. “Eu queria vender meus livros, e um belo dia eu vi um pipoqueiro e disse ‘olha ali, a minha estante preferida’”. Ela ainda destaca que no começo do carrinho não havia citação de poesias. “No início não fazíamos o recital, nós vendíamos pipoca e tentávamos vender os livros. Mas quando começamos a recitar as poesias vimos que atraia o público”.

Manuela, que também é graduada em artes cênicas, não esconde a surpresa com a interação e a inteligência das crianças quando o assunto é poesia. “É uma experiência muito surpreendente. Eu fiquei muito admirada pois as crianças falavam poesias. Eu ficava chocada, porque eu pensava que estava fazendo para adultos com o objetivo de vender meus livros, mas quem dava um show eram as crianças”.

O pequeno Gabriel, de 8 anos, participou do encontro e foi o primeiro a recitar um poema. Para a surpresa de todos, o pequeno não recitou um poema brasileiro, e sim um poema francês. “Eu sei falar um poema francês. Aí ela perguntou quem queria ir falar um poema, e eu fui e ganhei uma pipoca”, explica.

Maria Luisa, 9 anos, preferiu ficar com um poema mais simples e deu um show quando declamou o famoso poema da batatinha. “O papai me ajudou a falar para eu poder ganhar uma pipoca. Eu fiquei com vergonha, mas eu fui, falei e ganhei”.

A palhaça Matusquella mostra o seu amor pelos livros e pela poesia.

A palhaça MatusquellaManuela ainda contou que desde seu ensino médio queria ser atriz. “Minha irmã fazia aula de circo, então eu pedia pra ela me ensinar algumas coisas. Nós moramos na colina e aí andávamos de lá até o centro para treinar a andar de perna de pau”.

Foi com esse amor que nasceu a palhaça Matusquela, o xodó de Manu. A personagem, que acompanha a artista em quase todos os shows do Pipocando, foi uma de suas melhores experiências. “Eu fazia quase tudo do circo, mas sentia que tinha um oco dentro de mim. Então surgiu Matusquella. Acho que ela nasceu de dentro pra fora”, explica.

Por Hamanda Viana.

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