Álcool e cigarros são consumidos cada vez mais cedo e o hábito pode ser aprendido em casa
O consumo de drogas lícitas esta sendo praticado cada vez mais cedo, e a maioria começa dentro de casa. Uma pesquisa realizada pela Unesco com estudantes de escolas públicas e particulares de 14 capitais do país mostra que a maioria dos jovens brasileiros começa a consumir bebidas alcoólicas em casa, por influência dos próprios pais. Foi assim com o estudante Lucas Vieira de Lima, 15 anos, que deu o primeiro gole aos oito anos. “Meu pai me oferecia, e eu bebia. Foi por aí que eu comecei, depois comecei ir para as festas, chegar bêbado em casa,” lembra.
A psicóloga Lívia Veras Vilar de Lima observa que os pais funcionem como modelo para os filhos e a influencia pode ser indireta e direta. “Na indireta, os pais estão sendo modelo para esses filhos, pois dar drogas não é apenas colocar na mão, mas ser exemplo, e a direta é chegar e oferecer a bebida para a criança”.
A influência vivida em casa é apontada como decisiva pela costureira Fátima Dantas do Nascimento, de 52 anos. Há 40 anos ela fuma, assim como todos os irmãos. “Todo mundo fazia cigarro e começava a fumar, assim eu fui acostumando. Eu nunca parei. Tenho 52 anos, e esta difícil parar”. A psicóloga explica que o corpo da criança ou do adolescente não esta preparado para receber o álcool ou a nicotina. “O risco de uma dependência é muito maior do que de um adulto, por isso temos as leis que menores não podem beber, não é por acaso ‘E um questão de formação”.
Preocupada com a formação da única filha, a operadora de processamento Hortensia Cardoso, mãe de Larissa, de 12 anos, não proíbe o uso, mas controla 0 acesso da menina ao narguilé. “Ela usa o narguilé, eu autorizei, por que é uma febre que esta entre os adolescentes, se é uma coisa que a turma dela esta curtindo eu prefiro que ela faça na minha frente.” Hortensia observa que a curiosidade é um traço comum nessa faixa etária. “Se ela disser: mãe, resolvi experimentar cerveja, então, vamos tomar juntas, ou então vai ser aqui em casa, ou vamos a algum lugar, mas sempre eu por perto”, finaliza.
A psicóloga Lívia Veras aconselha que os pais compreendam que os filhos não têm estrutura. “É necessário entender que a criança não tem formação e nem mecanismos de funcionamento do próprio corpo e da psiquê que sustentem isso”. A especialista destaca que o exemplo dos pais é fundamental. “A educação começa pelos pais, ser modelo, pois não adianta falar para um pai não deixar um filho beber, mas ele bebe demais, é contraditório, Não tem uma regra, nem uma fórmula mágica, é muito mais complexo isso, não tem como ditar como é, são apenas perspectivas de como pode ser”.
Por Luana Moura