Há quase uma década ex-gari se dedica a recolher produtos descartados por mercado no Lago Sul
Toda semana, frutas e verduras que seriam descartadas por um mercado são selecionadas e doadas para 70 famílias carentes do Itapoã. O projeto Ruster em ação desde 2008, sem qualquer ajuda governamental, une voluntários para selecionar e entregar alimentos. “Ajuda bastante porque não é toda semana que tenho dinheiro para comprar frutas e verduras”, diz a diarista Ana Clara Rodrigues.
Há três anos, Ana Clara é beneficiária do Ruster e, por estar desempregada, o auxílio que recebe ajuda a complementar a alimentação dos dois filhos. Cada família recebe uma cesta com frutas, verduras e legumes quinzenalmente. O projeto surgiu em 2008, por Claudiomar Ferreira, quando uma família recém-chegada do Nordeste passava por dificuldades e pediu alimentos para ele, que contribuiu com o que podia. Após o ocorrido, o vigilante que na época trabalhava como gari no Lago Sul, passou a observar o desperdício desses alimentos na região, e pediu para um mercado que abraçou a causa.
Além da alimentação, o projeto também ensina crochê e artesanatos a partir da reciclagem para quem necessita de uma renda a mais, e por outro lado, contribuir com a gasolina do carro que busca e faz as entregas das doações. Sueli de Souza é voluntária desde o início e ajuda no que for necessário. Ela contou que muitas famílias só se alimentam graças às cestas doadas e que o maior desejo do Ruster é poder ajudar mais pessoas. “Teve época que ajudávamos cem famílias, era lindo ver aquele tanto de fruta aqui. Mas com a crise, as doações foram diminuindo e tivemos que fazer alguns cortes”, afirma.
Além de selecionar os alimentos e ajudar no artesanato, Sueli gosta de dar palavras de apoio para as famílias
Claudiomar faz questão de acompanhar de perto a situação de cada família. Nas reuniões do projeto, ele costuma participar da vida escolar das crianças beneficiadas e estimular a prática de atividades físicas. “As reuniões são para observarmos as crianças, mas também dar uma palavra de incentivo para as famílias. Se alguma casa precisar de reforma, nós fazemos um mutirão. Sempre ajudamos no que for preciso”, explica.
Sandra Regina costuma fazer doces com as frutas que estão mais delicadas
A aposentada Sandra Regina Lopes foi professora voluntária de artesanato no projeto, mas, após uma paralisia, passou a receber ajuda do Ruster. Ela explicou que gosta de comparecer às reuniões para se distrair e que se não recebesse as doações, não teria como se manter. “Ficaria difícil me manter, porque meu marido está desempregado e precisamos comprar meus medicamentos, então o projeto nos ajuda muito”.
O mercado que faz as doações para o projeto é localizado no Lago Sul, e a maioria das famílias que recebe as doações são formadas de mães solteiras e desempregadas. No momento, o projeto não está cadastrando novas famílias, mas quem quiser ajudar de alguma forma, basta entrar em contato pelos números 9 9602-3665 ou 9 8439-1315.
Por Laisa Lopes
Por Laisa Lopes