Além da ausência de ônibus e metrô, a área central ficará fechada para a circulação de veículos nesta sexta-feira. Governo cortará ponto dos grevistas
Manifestantes ocuparam a Esplanada dos Ministérios com cartazes durante a última Greve Geral convocada pela Central Única dos Trabalhadores - CUT contra as reformas da previdência e trabalhista.
Os brasilienses devem enfrentar outro dia de dificuldades com relação aos serviços públicos. Rodoviários e metroviários decidiram pela paralisação total dos serviços em adesão à greve geral nacional — movimento será em protesto às reformas trabalhista e da Previdência. Apesar das decisões de ambos os sindicatos, a 20ª Vara Cível da Seção Judiciária do DF determinou a circulação mínima de 30% da frota das empresas de transporte público, incluindo ônibus e metrô. A Procuradoria-Geral do DF também obteve liminar na 8ª Vara de Fazenda Pública do DF, que garante o funcionamento mínimo de 50% da frota do transporte público do DF. Prevalece a decisão de maior valor. A multa, se a determinação for descumprida pelas categorias, é de R$ 1 milhão. A Força Nacional reforçará a segurança na Esplanada dos Ministérios.
A liminar de 50% de circulação foi concedida pela juíza Indiara Arruda de Almeida Serra. A magistrada avaliou que o protesto tem base legal, mas há a necessidade de garantir a prestação de serviços indispensáveis à coletividade, como no caso do transporte público. Na outra decisão, o juiz Renato Borelli lembrou que a greve é um direito assegurado constitucionalmente, mas ponderou que a “continuidade do serviço público” deve ser “necessariamente observada”. A previsão de rodoviários e metroviários é de que o transporte seja interrompido por 24 horas.
Mesmo com a decisão da Justiça, o Metrô-DF manterá as estações fechadas por segurança, ainda mais porque o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-10) garantiu o direito à greve dos trabalhadores do setor. Outras categorias prometem cruzar os braços (leia quadro). O GDF informou que cortará o ponto dos grevistas. Ato organizado por centrais sindicais será em continuidade às paralisações de 28 de abril. Prevê-se a participação de 5 mil pessoas.
O estudante de física Wender Bruno de Almeida, 19 anos, não concorda com a greve de hoje. Morador de Ceilândia Norte, ele usa o transporte público diariamente para chegar à Universidade de Brasília (UnB), na Asa Norte. “Tivemos apresentações de trabalho adiadas. As reformas estão bem avançadas no Congresso, não creio que uma parada geral mudará a situação. Também não concordo em pararem todos os serviços. O mínimo deveria ser mantido”, defendeu. Mas a aluna de biologia Gleicekelly da Silva Soares, 18, que também depende de ônibus, apoia a paralisação. “É algo necessário para chamar a atenção dos governantes”, disse.
Em virtude de possíveis manifestações, o Eixo Monumental ficará fechado nesta sexta-feira para a circulação de veículos, a partir da Rodoviária do Plano Piloto. As opções serão as vias N2 e S2, anexas aos ministérios. Os manifestantes passarão por uma revista na altura da Catedral Metropolitana. Na Avenida das Bandeiras, duas linhas de segurança serão dispostas para evitar o acesso ao Congresso Nacional e à Praça dos Três Poderes. A PM deslocará 2,6 mil homens. A Força Nacional também também cuidará da segurança do patrimônio.
Quais categorias vão parar
Transporte
» O Sindicato dos Metroviários confirmou a adesão à greve geral. Em razão disso, a Companhia do Metroviário informou que as estações se manterão fechadas hoje. O Sindicato dos Rodoviários também convocou toda a categoria a paralisar os braços. A Justiça do DF determinou, porém, que as empresas de transporte público mantenham pelo menos 30% da frota em circulação.
Professores
» Não haverá aulas nas escolas públicas do Distrito Federal. O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro) convocou os educadores para uma concentração, a partir das 9h, na Praça do Relógio, em Taguatinga.
Saúde
» O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindisaúde) convocou os trabalhadores para a greve geral. Os profissionais, porém, não devem parar as emergências. Pronto-atendimento, internação e UTI permanecerão abertas. Quem está de folga foi convocado para comparecer às manifestações. O Sindicato dos Médicos (Sindmédicos) apenas convocou os profissionais de folga a participarem do ato. Os demais comparecerão à rede pública.
Bancários
» O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Brasília (SEEBB-DF) confirmou a adesão à greve. Os bancos retornam com o atendimento normal na segunda-feira.
Universidade de Brasília (UnB)
» O Sindicato dos Trabalhadores
da Fundação Universidade
de Brasília confirmou participação na greve geral.
Vigilantes
» O Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal (Sindesv) confirmou que também vai aderir à greve geral. Na página oficial, a entidade que representa a categoria manifestou posição contrária à aprovação das reformas trabalhista e da Previdência sob a alegação de que elas não trarão melhorias à vida dos servidores.