Programados para o futuro

Crianças aprendem robótica e programação em escolas especializadas

Nas últimas décadas a tecnologia teve um avanço acelerado e as crianças se tornaram seus maiores consumidores. Escolas que oferecem aulas de programação e robótica para crianças têm tido sucesso ao apresentar esse universo de forma lúdica e trazendo inúmeros benefícios para seus pequenos alunos. Nas salas de aula, crianças com idade entre 5 e 17 anos aprendem linguagem de programação, robótica, artes digitais (modelagem digital e animação de personagens), desenvolvimento de games e aplicativos, como produzir vídeos para o Youtube e até a como construir e programar um drone.

O aluno André Lívio jogando vídeo-game

Uma dessas escolas é a Supergeeks, que possui várias unidades espalhadas pelo país, sendo quatro delas em Brasília. Em um dos cursos oferecidos as crianças aprendem linguagem de programação enquanto criam jogos. “A criança, sabendo ler e escrever, já consegue aplicar o que ela aprende durante a feitura do game. Ela aprende códigos de programação, lógica de programação, e pode prosseguir em cursos mais à frente, fazendo aplicativos, programando robôs, websites”, explica Adriano Silva, sócio da franquia brasiliense.

Para muitos pais essa inserção no mundo tecnológico pode parecer um tanto excessiva, mas para Eucrésio Perásia Júnior, coordenador da escola HappyCode, os pequenos só têm a ganhar. “A criança já tem muita carga de aprendizado nas escolas, e uma coisa importante que acaba ficando de lado é essa parte de tecnologia. A gente não foca só na parte técnica. A gente trabalha todas as competências digitais que envolvem a parte técnica de programação, tanto de games quanto de robótica. Então a criança é inserida no mundo de tecnologia de uma forma diferente”, explica Eucrésio.

Lições para o futuro

Mas os benefícios não ficam apenas na aprendizagem da linguagem de programação. Tanto professores quanto pais de alunos apontam benefícios como maior facilidade de concentração em atividades, desenvolvimento do raciocínio lógico e até mesmo menor tempo de utilização de vídeo-games em casa. “A gente trabalha com as crianças o uso da parcimônia no uso da tecnologia. Muitas das crianças que vêm aqui começam a ter o senso crítico mais apurado e começam até a se desinteressar um pouco por jogar e mais a produzir. Porque aqui elas aprendem a produzir o próprio game, não só consumir”, complementa Eucrésio.

Maria Teresa Fernandes, professora da Supergeeks aponta ainda outras vantagens no aprendizado das crianças. “Na criação de jogos a gente preza bastante a organização. Fora a lógica básica porque eles sempre têm que prezar pela diminuição ao máximo das linhas de código pra que o programa não fique sobrecarregado”, ela explica.

Wesley Rocha, também professor da Supergeek, vê vantagens para o futuro: “As crianças de hoje em dia têm uma maior facilidade de entrar e estar nesse mundo. Pra gente que é mais velho fica parecendo que é algo de outro mundo, mas eles conseguem ter resultados impressionantes. E ter um conhecimento mais a fundo desse mundo tecnológico, até mesmo pra entender como funcionam as coisas, vai fazer com que se tornem adultos mais inteirados”, diz ele.

A funcionária pública Márcia Lívio da Costa Veloso tinha receio de que o filho utilizasse demais os jogos e aplicativos. Mas depois de uma pesquisa ela percebeu que ele poderia se beneficiar com aulas de programação. Há dois meses matriculou André Livio, de 10 anos, na Happy Code e, mesmo com pouco tempo, já vê mudanças no menino. “Eu não gosto muito de jogos, prefiro que ele foque mais no ensino, e aqui tem isso de bom, porque ele aprende estudando. Aprende a lógica, a programação. E vídeo-game é uma coisa que ele é apaixonado e só pode jogar se for aqui dentro. Pra ele foi muito bom, porque é o espaço dele, a linguagem dele, que ele gosta”, ela diz. “Hoje em dia a gente vê crianças ganhando premiações de robótica, concursos de programação, de vídeo-games. O objetivo principal é que ele esteja preparado para as novidades. Eu não quero nem que ele seja o top, mas que ele esteja antenado, que seja um menino informatizado”, complementa Márcia.

André está super feliz com a nova escola, mesmo tendo achado um pouco difícil no começo. Ele garante que agora já faz de tudo, desde a elaboração até a programação dos jogos. Ele ainda melhorou seu canal do Youtube. “Os vídeos estavam ficando muito ruins, e com esse curso eu aprendi a arrumar o vídeo, fazer coisas pra ele ficar melhor”, ele comenta. “As crianças aqui aprendem não só a como produzir os vídeos, mas também que tipo de informação elas podem colocar para não se exporem”, acrescenta Eucrésio.

Por Fernanda Stumpf

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