Uma legião de barcos, lanchas e catamarãs ocupou as águas. Um dos Pontos
altos do cortejo foram a benção do arcebispo de Brasília à Ponte JK e o
ostensório com fios de cabelo do Santo que acompanhou a imagem por todo o
percurso. Celebração dá o start para a ressignificação do turismo náutico no DF
e resgata uma das mais importantes promoções religiosas da história da cidade.
Neste domingo (29), o Lago Paranoá de
Brasília vivenciou novamente uma das mais importantes experiências turísticas
da capital da República, nos segmentos náutico e religioso, com a retomada da
tradicional Procissão de Dom Bosco, interrompida por uma década. Numa
iniciativa da secretária de Turismo do DF, Vanessa Mendonça, cerca de 40
embarcações, decoradas, participaram do trajeto, entre a Ermida e a Ponte JK. O
arcebispo de Brasília, D. Paulo Cezar, disse que o sonho de Dom Bosco e o sonho
de Juscelino Kubitscheck se encontraram em nossa cidade. Além da retomada da
Procissão, a celebração comemorou os 138 anos da visão do padre italiano João
Melchior Bosco e os dez anos de operações da Capitania Fluvial de Brasília.
Em sua própria lancha, o governador
Ibaneis Rocha seguiu a procissão ao lado da primeira-dama e secretária de
Desenvolvimento Social, Mayara Noronha, e o filho do casal, Matheus Rocha. A
retomada do evento foi uma iniciativa da secretária de Turismo, Vanessa
Mendonça, como forma de investir no turismo religioso e no aproveitamento das
possibilidades do Lago Paranoá, um dos principais cartões postais de Brasília.
Segundo a jornalista Jane Godoi, também pioneira de Brasília, “foi uma festa linda, colorida, resgatando um evento de grande
porte, que Brasília estava sentindo falta. Sob o comando a Secretária de
Turismo, Vanessa Mendonça, a quem agradecemos pela iniciativa.”
“Estamos celebrando o sonho de Dom
Bosco, que sonhou com uma terra que jorraria leite e mel, uma terra de
abundância. Juscelino Kubitschek conhecia o sonho de Dom Bosco e levou para a
frente, construiu essa grande cidade, nossa capital”, disse o arcebispo de
Brasília. Para Dom Paulo Cezar, esse sonho
“nos faz olhar para a frente, nos faz
pensar e construir uma civilização a altura da grandeza do ser humano.
Essa procissão Náutica relembra para nós o Lago, que também está no sonho de
Dom Bosco, relembra também que precisamos preservar essa beleza da natureza da
obra da criação de Deus. Esse é um dia especial para todos nós, precisamos ter
sonhos grandiosos, como o sonho de Dom
Bosco", afirmou o chefe da Igreja Católica no DF.
Ao lado do governador Ibaneis Rocha e da primeira-dama e secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, a secretária de Turismo do DF, Vanessa Mendonça, destacou que a retomada da procissão náutica de Dom Bosco é um resgate da história da cidade que o governo do Distrito Federal determinou com o apoio da Arquidiocese de Brasília, a iniciativa privada, por meio de associações como Asbranaut (Associação Náutica, Esportiva e do Turismo de Brasília), a Federação Náutica de Brasília e o Sindicato de Clubes e Entidades de Classe Promotoras de Lazer e Esportes do Distrito Federal (Sinlazer). Vanessa Mendonça também destacou o apoio institucional da Secretaria de Estado de Governo do Distrito Federal (Segov-DF), suporte logístico da Marinha do Brasil, participação do Brasília Ambiental e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do DF (Sema/DF).
“É momento das entidades náuticas
agradecerem à Secretaria de Turismo e ao Governo do DF por terem abraçado o
resgate da importante procissão náutica de Dom Bosco”, afirmou o presidente da
Asbranaut, João Carlos Bertolocci. "O Lago Paranoá não é um bibelô de prateleira.
Ele é uma engrenagem importante para o fortalecimento da economia do DF e,
principalmente, para a geração de emprego, que faz o equilíbrio social",
disse o empresário.
"Resgatar a história de uma cidade
é muito importante para transferir o conhecimento para jovens, crianças. É
fundamental para a sociedade se apropriar dos seus hábitos e costumes",
disse Moema Cunha Leão. A empresária da Casa Cor concebeu a decoração do barco
que levou a imagem de São João Bosco durante a procissão náutica.
A procissão teve início às 8h, com uma
carreata que saiu do Santuário São João Bosco (702 Sul) até a Ermida Dom Bosco
(QL 30 do Lago Sul). Em seguida, houve a Missa Campal na Ermida, às 10h. A
saída da Procissão Náutica de Dom Bosco, com embarques no deck da Ermida,
se deu às 12h e percorreu um trajeto que incluiu a Ponte JK e Projeto Orla,
retornando à Ermida duas horas depois. Depois, a carreata seguiu pela EPDB, da
Ermida até a Paróquia São João Bosco (Núcleo Bandeirante), o primeiro templo
dedicado ao co-padroeiro de Brasília, ainda na Cidade Livre, antes da
inauguração.
Durante a celebração, 15 artesãos
cadastrados pela Secretaria de Turismo expuseram e venderam os produtos para os
visitantes. Segundo a Setur-DF, esse mercado é composto por mais de 11 mil
profissionais e movimenta cerca de R$ 55 milhões na economia criativa do DF.
Natanry Osório, umas das pioneiras no
cenário histórico da cidade e jurada no concurso que premiou as embarcações mais
animadas, falou sobre importância do retorno da procissão. "Foi uma grande
emoção poder participar dessa retomada, ver todos esses barcos, toda essa
movimentação. A procissão Náutica de Dom Bosco estava em esquecimento e veio o
Governo do Ibaneis com a Secretária de Turismo Vanessa Mendonça e resgataram
essa grande ação. Foi emocionante participar do júri e poder ver todos esses
barcos celebrando Dom Bosco com toda o segmento náutico", afirmou a
empresária.
Um júri formado por jornalistas,
decoradores e especialistas elegeu os barcos que mais se destacaram na
Procissão Náutica. Os prêmios serão concedidos exclusivamente às embarcações inscritas
na Procissão Náutica de Dom Bosco, conforme cada uma das categorias, e apenas
para o primeiro lugar: Embarcação Mais Decorada: Flash Point; Embarcação
Mais Criativa : Vitória II; Embarcação Mais Animada: Desperdício; Melhor
Fantasia: Embarcação Orion.
"Esse é o resgate de um dos mais
importantes acontecimentos do calendário turístico de Brasília e que estava
esquecido, abandonado pelos governos anteriores. Nas décadas de 1980 e 1990, a
data de Dom Bosco reunia milhares de pessoas na Ermida, era uma celebração
cultural e turística que foi perdendo força ao longo dos anos. A partir de
2019, esse calendário foi retomado pelo governo Ibaneis Rocha, mas em função da
pandemia não foi possível realizar a celebração com a participação do público.
No ano passado foi celebrada apenas uma missa, na Ermida. Este ano, a Capitania
Fluvial de Brasília e a Setur, com apoio de vários órgãos, além da Igreja
Católica, conseguiram adaptar o evento ao protocolo oficial de combate à
covid-19 e Dom Bosco voltou às águas do Lago Paranoá, fortalecendo o turismo
religioso e náutico da capital do Brasil", disse a secretária de Turismo
do DF, Vanessa Mendonça.
CONFIRA O SONHO DE DOM BOSCO
Em agosto de 1883, Dom Bosco, como é mais conhecido o padre italiano Giovanni Melchior Bosco, fundador da Congregação Salesiana, sonhou que fazia uma viagem à América do Sul – continente que jamais visitou. No sonho, ele passou por várias terras entre a Colômbia e o sul da Argentina, vislumbrando povos e riquezas. Nesta profecia ou visão, ele ouviu que “entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse então uma voz repetidamente: - Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível.” Com a construção de Brasília exatamente de acordo com o sonho, Dom Bosco foi escolhido como co-padroeiro da capital.