Opinião: Os jovens, a pandemia e o vestibular

Ivo Carraro*


Não tem outro jeito: lavar as mãos continuamente, álcool em gel, máscara e afastamento social. Trata-se de um imperativo que deverá ser seguido à risca para que a humanidade se proteja do flagelo em que foi acometida: a pandemia. O distanciamento social é o que mais compromete a saúde mental, pois envolve questões emocionais que originam uma realidade psíquica criando estados de ansiedade, insegurança, medo e estresse.

Diante deste mundo de incertezas, os jovens ainda precisam vencer um dos maiores obstáculos de suas vidas: o vestibular. É possível que o concurso seja o primeiro revés vivido por muitos.

Inúmeros deles concebem o vestibular como uma grande ameaça, um perigo surgido no caminho. O medo de não ser aprovado, a cobrança da família, a resposta aos amigos, a alta concorrência para o curso superior pretendido, a postergação da realização do concurso tendo em vista a pandemia, aulas remotas etc., desenvolvem neles um estado emocional alterado que lhes compromete o sono, faz surgir impaciência, provoca oscilações cardíacas e um desespero diante da possibilidade de que os conteúdos estudados não sejam suficientes. Enfim, eles estão diante de uma avalanche de incertezas.

Há de se compreender que o concurso vestibular não é uma fera que vai devorar os vestibulandos. Um bicho de “sete cabeças”, como se diz. Trata-se de um teste composto de perguntas cujas respostas estão arquivadas no cérebro ao longo de toda a vida estudantil. É como um computador que dispõe de arquivos selecionados com as informações ali registradas e que poderão ser resgatadas quando assim se desejar. Assim é o vestibular. Um resgate do conhecimento arquivado ao longo dos anos de estudos nos ensinos fundamental e médio.

Acontece que os arquivos com os conteúdos adquiridos durante os anos de estudo estão guardados nas memórias de longo prazo do cérebro, e que muitos deles solicitados por ocasião do vestibular são acessados, obrigatoriamente, pela porta do emocional.  Toda experiência humana entra e sai por essa porta. Daí o controle das emoções nos dias que precedem a realização do concurso. Se por força da ansiedade a porta estiver fechada, o concurso vestibular estará comprometido, e o candidato experimentará o famoso “branco”, ou seja, os conteúdos arquivados na memória de longo prazo não serão acessados.

Muitas são as orientações para administração do emocional nessas circunstâncias, véspera do concurso. Aqui serão indicadas apenas três delas para tirar o vestibular do foco das atividades cerebrais e, assim, reduzir a ansiedade reinante. A primeira diz respeito ao encontro com os amigos respeitando, evidentemente, os protocolos de segurança. Tal atitude estimula o cérebro a produzir a ocitocina, um hormônio que é produzido nas relações humanas de amizade, e que tanto faz falta no afastamento social em tempos pandêmicos. A segunda orientação é a que se caracteriza como “levar o cérebro a passear” em lugares ligados à natureza.  O verde das plantas faz parte da história humana e contribui significativamente para o equilíbrio emocional. Sem as plantas, a possibilidade da baixa autoestima, da depressão, da insegurança. Por último, reviver em sentimento e pensamento os lugares simbólicos que habitam as profundezas da mente e que trazem suaves e boas recordações como, a casa da vó, os brinquedos dos tempos de infância guardados com carinho, as festas de aniversário, as celebrações de final de ano etc.

A todos os jovens que buscam aprovação nos vestibulares neste ano, os desejos que acreditem no sucesso. ACREDITAR: O primeiro passo para criar uma nova realidade na vida.

Pense nisso!

*Ivo Carraro é professor, psicólogo e orientador educacional do Curso Positivo.

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