Opinião - Endomarketing: não basta falar

Cristiano Caporici*


Nada de “por fora, bela viola”. Na sociedade contemporânea é preciso ter mais que uma bela casca para que uma empresa se estabeleça, seja entre clientes, seja entre seus próprios colaboradores. Por dentro é que tudo precisa ser ainda mais organizado, saudável e, é claro, acolhedor. Daí a necessidade de uma boa estratégia de endomarketing.

Vindo do grego “éndon”, o prefixo “endo” significa, literalmente, “dentro”. Ou seja, estamos falando aqui do marketing que é feito dentro de casa, no seu quintal, para as pessoas com quem você convive todos os dias. Mas atenção: não se trata apenas de publicidade barata. Quando falamos bem da empresa para quem trabalha nela, só falar não basta, é imprescindível que as pessoas se sintam realmente contempladas pelo programa da organização.

Não há ninguém melhor para divulgar uma empresa que seus colaboradores. Eles estão em contato diário com os processos e os benefícios da marca. Eles sabem quais são os pontos fortes dos serviços e produtos. Eles conhecem de maneira muito próxima os esforços de melhoria. O oposto, no entanto, também é verdadeiro. São eles que melhor entendem as falhas e enxergam os defeitos. E é por isso que é tão importante saber ouvi-los.

Atualmente, os índices de turnover são o pesadelo de muitos departamentos de recursos humanos. A maior parte das empresas não sabe como reter bons profissionais e talentos. Enquanto os benefícios oferecidos atraem esses nomes, também é verdade que eles não são o bastante para garantir sua permanência. O endomarketing pode ser uma boa solução para esse problema de gestão de pessoal. E, ali adiante, quando ele estiver funcionando a todo vapor, é ele que vai trazer novos talentos, também.

A primeira lição a ser aprendida é que, em termos de endomarketing, as empresas devem se esquecer da “persona” e focar em cada pessoa. O que isso significa? Não adianta ter uma ideia geral de quem são os colaboradores da companhia, faz falta conhecer de verdade cada um deles, entender quais são seus anseios, suas necessidades, seus objetivos. Uma empresa que tenha muitas mulheres que são mães, por exemplo, tem de compreender que esse grupo terá algumas necessidades específicas.

Olhar para as características reais do público-alvo, ou seja, dos colaboradores, é um exercício que exige atenção aos detalhes e uma boa dose de empatia. Coloque-se no lugar dessas pessoas: que tipo de ação ou abordagem poderia ser mais interessante para cada uma delas? De que modo você gostaria de ser tratado se estivesse no lugar em que elas estão? Que tipo de interesses elas podem ter que a empresa conseguiria estimular ou ajudar a desenvolver? Lembre-se de que customizar e personalizar processos é a alma do endomarketing.

Quando já tiver todas essas informações, passe a focar nas estratégias em si. Procure integrar as ações existentes umas às outras e assegure-se de que elas tenham continuidade. De nada vale implementar iniciativas pontuais, que não estão interligadas e resolvem apenas questões igualmente pontuais. Tenha em mente que o endomarketing é um caminho para a satisfação dos colaboradores e, por isso, deve ser perene.

Nada melhor que um bom par de ouvidos para se conectar às pessoas. No caso de uma empresa, esse par precisa funcionar muito bem. Afinal, não há ninguém que entenda melhor das dores do que aquele que as sente. Procure ouvir os colaboradores de maneira permanente. Pergunte, seja curioso, busque entender o que eles pensam sobre o ambiente de trabalho e até mesmo sobre as ações de endomarketing em si. E mantenha esses canais de comunicação abertos para que eles reportem qualquer nova impressão ou experiência. O endomarketing é a ferramenta ideal para que todos se sintam parte de um todo, mas, para funcionar, é preciso investir nesse sentir.

*Cristiano Caporici é diretor de Comunicação e Marketing da Tecnobank, empresa detentora de dois selos e três prêmios GPTW de Melhores Empresas para Trabalhar.

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