Em áreas de construção irregular, equipes fazem escoamento de água de chuva parada em lajes para evitar a proliferação do mosquito da dengue
Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader
A Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal) começou uma ação de vistoria de acúmulo de água em obras embargadas. Desde o início da semana, construções irregulares na região de Vicente Pires têm recebido equipes para realizar o escoamento da água da chuva parada nas lajes.
Nesta quarta-feira (7), o segundo entre os dois prédios embargados da Construtora La Salle, localizados na Rua 4 A, chácara 111, lote 1B, passou pela vistoria. Após ser constatado o problema de alojamento da água na cobertura, as equipes do GDF fizeram furos na laje para que a água escoasse para fora do prédio.
A DF Legal lavrou 91 autos de embargo e fez 13 interdições, 47 intimações demolitórias e 64 infrações acompanhadas de multa em Vicente Pires |
No térreo da edificação também foi identificada água acumulada, que foi escoada para uma grande camada de areia colocada no andar inferior. É importante ressaltar que o próprio construtor pode fazer esse escoamento das obras, antes que o órgão público realize a operação, o que gera ônus ao proprietário do prédio intimado.
Na segunda-feira (5), foram três lajes perfuradas e outras quatro na terça (6). Em todas as ações, foram feitas aplicações de cloro pela Vigilância Ambiental e aplicadas cerca de R$ 270 mil em multas por descumprimento do embargo.
A ação integrada entre diversos órgãos do governo da área de saúde e segurança conta com, além da DF Legal, equipes da Polícia Militar (PMDF), Corpo de Bombeiros (CBMDF), Vigilância Ambiental, Novacap e Serviço de Limpeza Urbana (SLU), atuando também na retirada de entulhos.
Após ser constatado o acúmulo da água na cobertura, as equipes do GDF furaram a laje para que a água escoasse para fora do prédio | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./ Agência Brasília |
Já são 91 autos de embargo lavrados pela DF Legal em Vicente Pires, além de 13 interdições, 47 intimações demolitórias e 64 infrações acompanhadas de multa. Caso o proprietário da edificação não efetue a demolição predial no prazo determinado (geralmente de 30 dias), a secretaria providencia a ação por meios próprios.
Como funciona
A DF Legal elaborou um mapeamento de prédios embargados em todo o Distrito Federal, que geralmente batem com as denúncias de obras paradas feitas pela população. Nas vistorias e ações, os prédios que ainda estão em fase de construção são priorizados – em especial os que foram denunciados por acúmulo de água para efetuar a eliminação de focos do mosquito da dengue.
Equipes escoam água de chuva parada em lajes para evitar a proliferação do mosquito da dengue - Fotos: Lúcio Bernardo Jr./ Agência Brasília |
Devido a diretrizes urbanísticas, não é permitida a construção predial em Vicente Pires, resultando no embargo ou interdição na maior parte dos prédios ilegais na região. De acordo com o secretário executivo de inteligência e compliance da DF legal, Adriano Valente, o objetivo é demolir as construções irregulares.
"Os danos causados por essas construções irregulares são evidentes para a população. As medidas promovidas pelo GDF são no sentido de promover um crescimento urbano planejado para uma maior qualidade de vida, além de evitar gastos públicos", destaca o secretário.
Larvas do mosquito aos milhares se reproduzem rapidamente quando encontram o ambiente ideal - Foto: Lúcio Bernardo Jr./ Agência Brasília |
Ele acrescenta, ainda, que, com a epidemia da dengue, a importância das vistorias ganharam nova roupagem. "A DF Legal vem trabalhando com dedicação no combate à dengue, com o objetivo de diminuir os focos de dengue, eliminando o acúmulo de água. A gente conta com a ajuda da população para, além das denúncias, fazer sua parte em casa para evitar focos do mosquito", completa Valente.
Larvas do mosquito aos milhares se reproduzem rapidamente quando encontram o ambiente ideal - Foto: Lúcio Bernardo Jr./ Agência Brasília |
"A demolição é uma ação complexa por envolver fatores como a comunidade em volta da construção, por exemplo. E fica ainda mais difícil depois que a região é habitada sem um planejamento prévio", explica o secretário-executivo. Ele frisa que todas as operações realizadas com recursos públicos nos prédios ilegais são cobradas, além da multa gerada pelas irregularidades.
Impacto para a população
A população do Distrito Federal tem sentido o impacto da dengue na região. Com a eliminação dos focos da doença em uma construção parada, os moradores e trabalhadores da área se sentem mais seguros.
Um montador de esquadrilha de alumínio, de 25 anos, que trabalha diariamente em frente ao prédio, relatou sua experiência com a dengue. Ele teve a doença e sabe o quanto é importante evitar que outras pessoas passem pelo mesmo.
Uma auxiliar de costura, de 37 anos, que também trabalha na área, destacou a importância do trabalho de eliminação dos focos da dengue. Ela ressaltou que a doença está se tornando cada vez mais complexa e que é preciso tomar medidas para evitar sua propagação.
Tags
# isso é BRASÍLIA