O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) entrou hoje (07/03/2024) com uma ação na Justiça para obrigar o Governo do Distrito Federal (GDF) a diminuir a velocidade do eixo rodoviário de 80 km/h para 60 km/h, alegando motivos de segurança e buscando melhorias na mobilidade urbana. No entanto, essa abordagem pode não resolver os problemas enfrentados pelos cidadãos e pode até mesmo agravar a situação do trânsito na região
por Paulo Melo*
É compreensível que o MPDFT esteja preocupado com a segurança dos cidadãos e com a melhoria da mobilidade urbana em Brasília. No entanto, diminuir a velocidade do tráfego pode causar mais congestionamentos, aumentando o tempo de deslocamento e gerando impactos negativos para a economia e qualidade de vida dos habitantes da cidade.
Além disso, é preciso considerar que o problema da mobilidade urbana vai além da velocidade das vias. É necessário adotar medidas mais abrangentes e inovadoras para enfrentar esse desafio de forma eficaz. Uma proposta interessante e viável é a transformação das passagens subterrâneas em espaços multifuncionais, administrados pela iniciativa privada.
Por meio de uma concessão por 30 anos para empresários, as passagens subterrâneas poderiam ser revitalizadas e transformadas em pequenos shoppings populares. Esses espaços poderiam abrigar uma variedade de produtos e serviços, atendendo às necessidades da população local e dos visitantes da cidade. Com banheiros, jardins, iluminação adequada e segurança reforçada, as passagens subterrâneas se tornariam locais agradáveis e seguros para a circulação de pedestres.
Além de oferecer uma solução criativa para o problema crônico de mobilidade urbana em Brasília, essa proposta traria benefícios econômicos significativos. Ao incentivar o empreendedorismo e a atividade comercial, os mini shoppings subterrâneos poderiam impulsionar o desenvolvimento econômico da região, gerando empregos e estimulando o crescimento do setor privado.
É importante ressaltar que essa iniciativa não demandaria investimentos significativos por parte do GDF. Pelo contrário, a concessão para a iniciativa privada permitiria que os empresários assumissem os custos de revitalização e manutenção das passagens subterrâneas, aliviando a carga financeira do governo e garantindo a sustentabilidade do projeto a longo prazo.
Em suma, a proposta de transformar as passagens subterrâneas em mini shoppings populares representa uma alternativa inovadora e eficaz para melhorar a mobilidade urbana em Brasília. Ao invés de impor restrições ao tráfego rodoviário, é hora de adotar medidas criativas e colaborativas que beneficiem toda a comunidade. Essa é uma oportunidade única de transformar um problema em uma solução, promovendo o desenvolvimento econômico e social da cidade.
*Paulo Melo é jornalista, administrador, professor e está síndico e presidente do Instituto Nacional de Condomínios e Apoio aos Condôminos - INCC.