Especialista em audição explica que pacientes com perda auditiva muitas vezes optam por um implante coclear, um dispositivo eletrônico que ajuda a melhorar a audição e a distinção de sons.
No último domingo (28), um dos participantes do quadro Pequenos Gênios, do programa Domingão do Huck, chamou a atenção tanto da audiência quanto do apresentador com seu implante coclear. Yohann Prugger, de 11 anos, nasceu com surdez profunda e fez o tratamento ainda bebê, aos 10 meses. O jovem foi destaque no programa, por mostrar seu processo auditivo, além da deficiência.
Segundo a audiologista Ariane Gonçalves, especializada em saúde auditiva, da clínica AudioFisa Aparelhos Auditivos, o implante coclear é recomendado para adultos e crianças com perda auditiva severa e profunda bilateral que não se beneficiam suficientemente de aparelhos auditivos convencionais. Também é indicado para pessoas com perda auditiva antes e após o desenvolvimento da fala e da linguagem, o que se encaixa no quadro de Yohann.
O implante coclear , colocado em cirurgia sob anestesia geral e com duração de 2 a 4 horas, apresenta duas partes, uma externa e uma interna. A externa é constituída de um microfone, que capta sons ambientes, um processador de som, que converte os sons em sinais digitais e o transmissor, que envia esses sinais para o receptor interno.
O receptor estimulador converte esses sinais em impulsos elétricos, já na parte interna do implante. Além disso, há a presença de eletrodos na cóclea, para estimular diretamente as fibras do nervo auditivo.
"Os sons capturados pelo microfone são processados e convertidos em sinais elétricos que são transmitidos para o receptor interno. Os eletrodos estimulam o nervo auditivo, enviando sinais ao cérebro que são interpretados como som. Inicialmente, os sons podem parecer mecânicos ou distorcidos, mas a percepção tende a melhorar com o tempo e a prática", detalha a audiologista da clínica AudioFisa Aparelhos Auditivos.
Para posicionar o implante, no entanto, é necessária uma avaliação geral do paciente, que inclui exames auditivos, físicos e psicológicos, a fim de garantir um procedimento sem frustrações.
No pós-operatório, a recuperação inicial pode envolver dor leve e desconforto no local, pontua Ariane. "- Ativação do implante ocorre geralmente de 4 semanas após a cirurgia, quando a cicatrização inicial está completa. O paciente passará por algumas sessões de ajuste (mapeamento) do processador de som para otimizar a audição", explica Ariane.
A fonoaudióloga destaca, ainda, a importância de uma rotina de cuidados, com troca de bateria e limpeza regular do aparelho, bem como a integração do paciente em programas de reabilitação auditiva, que incluem sessões de terapia auditiva para ajudar o cérebro a interpretar os novos sinais sonoros antes e pós cirurgia.
"O implante coclear é uma solução eficaz para muitos indivíduos com perda auditiva severa à profunda, proporcionando uma nova oportunidade para comunicação e interação social”, conclui a especialista.