Vídeos educativos tiveram tradução em Libras feita por crianças para crianças; treinamento de colaboradores também apoia assistência a pacientes e familiares
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O ator e professor de Libras Fábio de Sá nasceu surdo. Ele lembra que, na época de criança, acessibilidade era uma palavra desconhecida. “As pessoas escreviam para se comunicar com a gente. Quando entrei na escola de surdos, em 1992, tive contato com a língua de sinais pela primeira vez, mesmo assim não existia material didático específico para Libras”, conta. “A gente saía e éramos invisíveis, porque nada era adaptado ou pensado para uma criança surda ou com qualquer outra deficiência”, recorda Fábio.
Para ele, as coisas só começaram a mudar quando a internet ganhou força com as redes sociais. “As redes trouxeram o debate, nos deram voz. Agora programas de TV são adaptados, as crianças de hoje terão voz no futuro porque estão vivendo num mundo onde a inclusão é uma realidade, mesmo que ainda não seja a ideal”, frisa o ator que também é consultor, tradutor e intérprete de Libras dos vídeos da campanha Defenda-se.
Criada pelo Centro Marista de Defesa da Infância (CMDI), a iniciativa promove a autodefesa de crianças contra a violência sexual por meio de uma série de vídeos educativos, com linguagem acessível para meninas e meninos de 4 a 12 anos. Os conteúdos apresentam situações que contribuem no reconhecimento de estratégias que dificultam a ação dos agressores.
Para o vídeo mais recente, lançado em maio deste ano, crianças surdas foram convidadas para serem intérpretes dos personagens na versão em Libras, com a coordenação de Fábio. Além disso, uma das personagens da animação, Laura, se comunica pela Língua Internacional de Sinais. “Queremos pensar essa inclusão com sensibilidade, para que as crianças com deficiência também tenham acesso aos vídeos e se sintam representadas. Com a consultoria, a tradução do conteúdo para Libras considerou o vocabulário de crianças surdas”, comenta o analista do Centro Marista de Defesa da Infância, Rafael Teixeira.
Os vídeos, que podem ser acessados gratuitamente no site da campanha (defenda-se.com), já foram vistos por milhares de crianças nas salas de cinemas e de aula.
Da sala de aula para os hospitais
Outra área em que a inclusão se mostra fundamental é a saúde. Nos hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, que também fazem parte do Grupo Marista, o tema chegou às equipes assistenciais.
O coordenador da farmácia do Hospital Universitário Cajuru, Maikon Jorge Baceto, teve a ideia de implementar uma campainha no hospital que, além do som, tivesse uma sinalização visual para atender às pessoas com deficiência auditiva. “Foi só depois de sentir na pele, ao longo de trocas e conversas, que consegui reconhecer as reais necessidades de acessibilidade que fazem parte do dia a dia das pessoas com deficiência. Não só passei a compreender melhor, mas também encontrei maneiras de fazer a diferença na prática”, conta ele.
Entendendo que a deficiência é apenas uma parte da condição e identidade de uma pessoa, o programa de Diversidade e Inclusão do Grupo Marista busca fornecer informações e engajar colaboradores para serem agentes de transformação social. "Entre as ações, já organizamos rodas de conversa com representantes de cada pilar, eventos de liderança e treinamentos para os colaboradores", explica a coordenadora de Atração e Inclusão do Grupo Marista, Tania Mior Botemberger. "É um trabalho de formiguinha, mas que tem trazido benefícios para empresa, colaboradores, pacientes e sociedade como um todo, pois a diversidade permite pensar de forma inovadora, com pessoas diferentes e olhares diferentes", acrescenta.